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Composta de 117 obras, assinadas por 61 artistas, a mostra apresenta um extenso panorama da arte cubana no século 20. Este é o mais significativo conjunto de obras cubanas já exibido no Brasil, proveniente de coleções dos próprios artistas e do acervo do Museu Nacional de Bellas Artes de Cuba, instituição que administra a maior parte do patrimônio artístico da ilha.
As obras abrangem desde o surgimento das vanguardas – quando a produção artística de Cuba ganhou de fato uma identidade própria –, até as manifestações mais contemporâneas. De acordo com a curadora Ania Rodríguez, a exposição apresenta diversas possibilidades de se entender a arte do século 20 em Cuba. Portanto, para facilitar a compreensão a curadora optou por organizar a disposição das obras de forma cronológica.
Entre as várias possibilidades, a primeira leitura segue a lógica temporal e destaca o surgimento e a consolidação da arte moderna nas primeiras décadas do século, os movimentos abstratos, a pluralidade estética que acompanha as mudanças da revolução nos anos 60 e 70, e a renovação e experimentação características dos 80 até hoje.
Além dessa interpretação mais linear, no entanto, há vários outros caminhos que se perfilam ao longo dessa produção, propondo uma segunda leitura, temática, que agrupa artistas de diversas gerações por meio de preocupações comuns ao longo do século:
- A arte como espaço de reflexão sobre as raízes da cultura cubana. As indagações iniciais de Carlos Enriquez com seu Romancero Criollo, ou de Eduardo Abela com as suas representações de cenas camponesas e rituais tradicionais têm uma sutil relação com a posterior criação da pessoal iconografia de Wifredo Lam, baseada na apropriação dos códigos visuais da cultura afro-cubana. Do mesmo modo, hoje, artistas como René Peña ou Roberto Diago, encaram o componente africano da cultura cubana, questionando os estereótipos do negro e seu lugar na sociedade atual.
- O compromisso social do artista. Expressa-se desde a militância explícita de artistas como Marcelo Pogolotti, que nos anos 20 destaca em suas obras uma visão marxista da sociedade, até a dramaticidade impressa nos trabalhos de Fidelio Ponde de León. Há ainda uma produção marcada pela efervescência da Revolução Cubana, com obras afirmativas ou críticas, mas em que a posição do artista não fica indiferente à realidade social vivida. A “II Declaración de La Habana”, de Mariano Rodríguez, ou a representação de heróis feita na linguagem pop de Raúl Martinez, refletem isso. Do mesmo modo, peças mais recentes, de artistas como Tania Bruguera ou José Toirac, exploram a memória pessoal.
- Experimentação com linguagens artísticas e poéticas pessoais. À margem de qualquer temática imposta, os artistas manifestam também sua vontade de experimentação com novas linguagens. Os artistas dos anos 50 voltaram-se para a abstração, fugindo das figurações locais, que já viravam estereótipos do “cubano”. Do mesmo modo, uma parte da produção artística hoje tende a escapar das referências explícitas a Cuba, para realizar uma obra de referências políticas mais sutis e abrangentes, válidas para promover uma reflexão além do contexto local.
As obras abrangem desde o surgimento das vanguardas – quando a produção artística de Cuba ganhou de fato uma identidade própria –, até as manifestações mais contemporâneas. De acordo com a curadora Ania Rodríguez, a exposição apresenta diversas possibilidades de se entender a arte do século 20 em Cuba. Portanto, para facilitar a compreensão a curadora optou por organizar a disposição das obras de forma cronológica.
Entre as várias possibilidades, a primeira leitura segue a lógica temporal e destaca o surgimento e a consolidação da arte moderna nas primeiras décadas do século, os movimentos abstratos, a pluralidade estética que acompanha as mudanças da revolução nos anos 60 e 70, e a renovação e experimentação características dos 80 até hoje.
Além dessa interpretação mais linear, no entanto, há vários outros caminhos que se perfilam ao longo dessa produção, propondo uma segunda leitura, temática, que agrupa artistas de diversas gerações por meio de preocupações comuns ao longo do século:
- A arte como espaço de reflexão sobre as raízes da cultura cubana. As indagações iniciais de Carlos Enriquez com seu Romancero Criollo, ou de Eduardo Abela com as suas representações de cenas camponesas e rituais tradicionais têm uma sutil relação com a posterior criação da pessoal iconografia de Wifredo Lam, baseada na apropriação dos códigos visuais da cultura afro-cubana. Do mesmo modo, hoje, artistas como René Peña ou Roberto Diago, encaram o componente africano da cultura cubana, questionando os estereótipos do negro e seu lugar na sociedade atual.
- O compromisso social do artista. Expressa-se desde a militância explícita de artistas como Marcelo Pogolotti, que nos anos 20 destaca em suas obras uma visão marxista da sociedade, até a dramaticidade impressa nos trabalhos de Fidelio Ponde de León. Há ainda uma produção marcada pela efervescência da Revolução Cubana, com obras afirmativas ou críticas, mas em que a posição do artista não fica indiferente à realidade social vivida. A “II Declaración de La Habana”, de Mariano Rodríguez, ou a representação de heróis feita na linguagem pop de Raúl Martinez, refletem isso. Do mesmo modo, peças mais recentes, de artistas como Tania Bruguera ou José Toirac, exploram a memória pessoal.
- Experimentação com linguagens artísticas e poéticas pessoais. À margem de qualquer temática imposta, os artistas manifestam também sua vontade de experimentação com novas linguagens. Os artistas dos anos 50 voltaram-se para a abstração, fugindo das figurações locais, que já viravam estereótipos do “cubano”. Do mesmo modo, uma parte da produção artística hoje tende a escapar das referências explícitas a Cuba, para realizar uma obra de referências políticas mais sutis e abrangentes, válidas para promover uma reflexão além do contexto local.
Cuba possui vários ritmos musicas herdados de seus colonizadores como por exemplo a salsa e merengue, influências africanas, rumba e o mambo.
Entre grandes músicos e bandas cubanas podemos citar Buena Vista Social Club, clube de atividades musicais e dança, local onde os músicos se encontravam e tocavam na década de 40. Para se ter idéia do sucesso do Buena Vista Social Club, foi lançado um disco que mais tarde tornou-se sucesso internacional e um filme que inclusive foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Documentário.
Hoje em dia além dos sucessos de Buena Vista Social Club, podemos falar de Omara Portuondo que em setembro desse ano, visitou o programa de televisão Altas Horas onde cantou e falou sobre o surgimento do Buena Vista Social Club. Além do programa, Omara fez sua primeira apresentação no Rio de Janeiro e prometeu não ser a última.
A partir disso o Brasil se embalou na música cubana, caribenha e salsa, tanto que já existem barzinhos principalmente em São Paulo que tocam somente esse ritmo musical e fazem muito sucesso !
Jorge Perugorria
Não dá pra falar de cinema cubano sem falar em Jorge Perugorria.Ao contrário dos pseudo-grandes-atores que fazem sempre o mesmo papel (Al Pacino, Jack Nicholson), Perugorria é um verdadeiro camaleão, às vezes completamente irreconhecível. Em sua estréia, “Fresa y chocolate”, era um homossexual tão perfeito, sutil e bem-construído que você juraria que o homem jamais poderia ser hetero. No filme seguinte, “Guantanamera”, era um rude, barbado e peludo caminhoneiro. Em “Frutas en el café”, um fervoroso pequeno burocrata comunista, tímido, reprimido e careca. Em “Lista de espera”, um cego cambalacheiro. Em “Rosa de Francia”, um capitão de navio ao mesmo tempo bom e mau, golpista e honesto. A lista continua: o homem parece estar em dois terços dos filmes cubanos.Na opinião da critica internacional, Perugorria é um dos melhores atores de sua geração, de qualquer lugar do mundo.Ironicamente, quando falado isso em Cuba, discordam todas as vezes. Dizem que a opinião corrente é que Perugorria interpreta sempre o mesmo papel.
Fábrica de pôsteres
Talvez por compromisso artístico, talvez para gerar empregos para os artistas plásticos cubanos, o fato é que o ICAIC refaz localmente todos os pôsteres de cinema. Nenhum filme passa em Cuba com seu pôster original. E não são simples pôsteres, mas verdadeiras, algumas vezes lindíssimas, obras de arte. Ao longo de quase cinqüenta anos, o resultado é um corpus artístico simplesmente impressionante. Não é à toa que se encontram esses pôsteres para vender por toda Cuba. São um presente muito mais original e tipicamente cubano do que fotos do Ché ou vistas aéreas de Havana. Estou levando três para decorar minha casa e minha sala na universidade: “Soy Cuba” e “Suite Habana”, dos quais já falei, e “Cimarrón”, um documentário sobre os negros quilombolas cubanos.
Fábrica de pôsteres
Talvez por compromisso artístico, talvez para gerar empregos para os artistas plásticos cubanos, o fato é que o ICAIC refaz localmente todos os pôsteres de cinema. Nenhum filme passa em Cuba com seu pôster original. E não são simples pôsteres, mas verdadeiras, algumas vezes lindíssimas, obras de arte. Ao longo de quase cinqüenta anos, o resultado é um corpus artístico simplesmente impressionante. Não é à toa que se encontram esses pôsteres para vender por toda Cuba. São um presente muito mais original e tipicamente cubano do que fotos do Ché ou vistas aéreas de Havana. Estou levando três para decorar minha casa e minha sala na universidade: “Soy Cuba” e “Suite Habana”, dos quais já falei, e “Cimarrón”, um documentário sobre os negros quilombolas cubanos.
Cinema Cubano
Como tudo em Cuba, o cinema é um monopólio estatal exercido pelo onipresente ICAIC, Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematograficos.Já ouvi algumas histórias de horror sobre o ICAIC. O financiamento é pouco, somente alguns filmes podem ser produzidos por ano, o processo de escolha acaba se tornando feroz e politizado, o comitê executivo escolhe sempre os roteiros dos seus amigos e afilhados, uma frase pouco revolucionária pode condenar seu filme à não-existência, etc. Tudo bastante previsível em um órgão centralizado e centralizador. O surpreendente são os filmes. Assistindo aos mais recentes, não se vê essa estrutura soviética de produção. Não parecem filmes ideologicamente bem-comportados escolhidos por um comitê revolucionário. Sim, não são formalmente ousados. O estilo, a fotografia, os roteiros, tudo é muito certinho – com raras e honrosas exceções. Entretanto, não há um único roteiro que não contenha fortes críticas ao mesmo governo que está pagando a conta.Os maiores sucessosO maior sucesso internacional do cinema cubano é “Fresa y chocolate” (Tomas Gutierrez Alea, 1993), no qual um militante comunista fica amigo de um artista gay com o propósito de denunciar suas atividades contra-revolucionárias. Ao longo do filme, porém, os dois vão ficando amigos e o comunista descobre, para sua surpresa, todo o preconceito oficial e social contra homossexuais em Cuba. Por fim, o gay (sempre mostrado positivamente) conclui que sua carreira nunca irá a lugar nenhum no país e dolorosamente decide emigrar, com o apoio de seu amigo comunista. Ou seja, do começo ao fim, é uma grande crítica à homofobia cubana – a começar pela governamental. Fidel disse uma vez não acreditar que um homossexual pudesse ser um revolucionário.O Aeroporto Internacional José Martí, aliás, é a maior presença do cinema cubano. De todos os muitos filmes, só consigo lembrar de um único (“Lista de espera”), em que não há ninguém chegando ou saindo do país. O exílio é uma presença constante, forte, viva na cultura cubana. Todo mundo tem amigos, conhecidos, parentes na diáspora, que, apesar de viverem fora do país há mais de cinqüenta anos, mesmo algumas tendo nascido no exterior e nunca visitado Cuba, se sentem fortemente cubanas e continuam criando arte cubana no exílio.Outro grande sucesso internacional do cinema cubano foi “Guantanamera” (Tomas Gutierrez Alea e Juan Carlos Tabio, 1995), mistura de road-movie com comédia, no qual um burocrata ambicioso e insensível, mas honesto, inventa um sistema socializado de transporte de corpos. Quando morre uma velhinha em um canto da ilha e tem que ser enterrada no outro, ele e sua esposa decidem acompanhar o corpo para testar o método. Cruzam o país, conhecem todo tipo de gente, etc. Em termos de críticas ao governo, é um dos mais suaves. Ainda assim, uma das mensagens principais é que a burocracia cubana perdeu os limites do ridículo. “La vida es silbar” (Fernando Perez), único longa-metragem de ficção produzido em Cuba em 1998, acumulou prêmios por todo o mundo e foi muito badalado. Tem alguns elementos geniais, como a senhora que desmaia cada vez que alguém fala a palavra amor e a cena na qual seu psicólogo sai pela rua disparando outras palavras que também fazem as pessoas desmaiarem, mas achei um filme muito desigual.
Arquitetura Cubana
A arquitetura cubana tem o maior conjunto de prédios coloniais preservados em toda a América. Com casarões, palacetes e igrejas com fachadas em estilo pré-barroco, barroco e neoclássico.
Algumas partes das ruas de Havana exibem edificações restauradas, o que nos faz compreender um pouco da vida cubana e dos vários períodos e influências culturais. Atualmente, diversos complexos arquitetônicos modernos abrigam centros empresariais que resultam da abertura ao turismo e do desenvolvimento e interesse estrangeiro na ilha.
Algumas partes das ruas de Havana exibem edificações restauradas, o que nos faz compreender um pouco da vida cubana e dos vários períodos e influências culturais. Atualmente, diversos complexos arquitetônicos modernos abrigam centros empresariais que resultam da abertura ao turismo e do desenvolvimento e interesse estrangeiro na ilha.
Em Cuba, o triunfo da Revolução provocou uma grande atividade construtiva baseada na premissa de dar resposta às grandes necessidades acumuladas na população, mas partindo dos recursos construtivos, econômicos, técnicos e humanos de cada localidade do país; não houve tempo para a teorização, mas apenas para sua execução.
Walter Anthony Betancourt Fernández, arquiteto norte-americano que vive em Cuba desde o ano de 1961, desenvolveu um destacado trabalho na zona oriental de Cuba, aonde realizou obras de singular expressão formal e especiais qualidades, nas quais o uso dos sistemas artesanais, materiais locais como a pedra, madeira, cerâmica e uma extraordinária sabedoria no uso de figuras geométricas complexas, ricas interseções, efeitos de luz e sombra e uma indissolúvel união entre a arquitetura e o meio, o caracterizam como um excelente criador de uma arquitetura que poderia se denominar orgânica, enraizada por sua vez na tradição cubana.
No período que o arquiteto trabalhou em Cuba e que compreende as décadas do sessenta e setenta do passado século XX, a indústria de materiais de construção na nação se encontrava em uma relativa crise, o que impulsionou, entre outras razões, este criador a utilizar material cerâmico na maioria das vezes.
Walter Anthony Betancourt Fernández, arquiteto norte-americano que vive em Cuba desde o ano de 1961, desenvolveu um destacado trabalho na zona oriental de Cuba, aonde realizou obras de singular expressão formal e especiais qualidades, nas quais o uso dos sistemas artesanais, materiais locais como a pedra, madeira, cerâmica e uma extraordinária sabedoria no uso de figuras geométricas complexas, ricas interseções, efeitos de luz e sombra e uma indissolúvel união entre a arquitetura e o meio, o caracterizam como um excelente criador de uma arquitetura que poderia se denominar orgânica, enraizada por sua vez na tradição cubana.
No período que o arquiteto trabalhou em Cuba e que compreende as décadas do sessenta e setenta do passado século XX, a indústria de materiais de construção na nação se encontrava em uma relativa crise, o que impulsionou, entre outras razões, este criador a utilizar material cerâmico na maioria das vezes.
Arte de Cuba no CCBB
A exposição Arte de Cuba reunirá as mais significativas obras das artes plásticas cubanas do século XX até hoje. Um amplo panorama do movimento modernista cubano, seguido dos representantes das gerações dos anos 60, 70 e 80 e uma rigorosa seleção de obras de artistas cubanos contemporâneos, internacionalmente reconhecidos, formarão o total da mostra.
Ao longo do século XX, a arte cubana viu-se marcada pela experimentação e diversidade das expressões. A curadoria escolheu três linhas temáticas gerais que resumem diversas tendências e a partir delas organiza o conjunto da mostra:
- A busca das raízes da cultura cubana - Experimentação com a linguagem plástica - Compromisso social do artista
Os anos 20 marcam a entrada do modernismo nas artes plásticas cubanas. É um momento de maturidade e coerência coletivas, também marcado pela aparição de importantes individualidades. Junto às preocupações de renovação formal da prática acadêmica, aparece o interesse pela representação da identidade nacional.
No ano 1927, a Exposición de Arte Nuevo resume as novas intenções da arte no período. Um dos artistas participantes dessa mostra, Víctor Manuel, passaria a ser emblemático para a análise do período. A exposição mostrará as obras dos artistas mais significativos dentro desse período de surgimento da arte moderna em Cuba. Todos expressivos da pluralidade desse momento, no qual tendências, estilos e interesses variados determinam a riqueza e fertilidade da época.
A partir da assimilação da linguagem do modernismo europeu, esses artistas constroem um imaginário cubano. A necessidade de representar paisagens, costumes, rostos típicos e expressivos do "cubano" aparece em cada obra. Remontam-se então ao interior cubano e à figura do "guajiro" como arquétipo do autêntico nacional. Nesta tendência se destacam nomes como Gattorno, Abela, Carlos Enríquez, entre outros.
No final dos anos 30 já está consolidada a modernidade plástica em Cuba. Novos artistas integram a cena cultural cubana, unidos na procura de uma expressão cubana dentro da modernidade artística de Ocidente.
Algumas mudanças acontecem nesses anos. A pintura de tema político e social perde a força de anos anteriores. O "crioulismo" interessado em temas rurais se orienta em outras direções, o afro-cubanismo vanguardista, expressado na representação de cenas vernáculas, de música e dança, ganha outra dimensão com a aparição de figuras como Wifredo Lam ou Roberto Diago, criadores de novas iconografias, distante de visões pitorescas ou bucólicas.
Wifredo Lam o artista cubano que maior reconhecimento internacional obteve, e é um dos grandes destaques da exposição. Seu contato em Europa com a arte africana, com os cubistas e, de modo mais definitivo, com os surrealistas, o faz voltar os olhos à sua terra na busca das expressões autênticas da ilha.
Sua re-descoberta da poesia interna das manifestações afro-cubanas é refletida em obras que sintetizam o que Carpentier chamara de "o real maravilhoso".
Os anos 50 são marcados pelo signo da abstração. Em Cuba, a arte tenta fugir das expressões "locais" que marcaram e identificaram as pretensões de anos anteriores, para assumir uma linguagem internacional, universal. Luis Martinez Pedro, um dos artistas que mais rápido assume a abstração obteve em 1953 é premiado na Bienal de São Paulo. Nesse mesmo ano se cria o grupo Los Once, que trabalhará o expressionismo abstrato e mais tarde o grupo Diez Pintores Concretos.
Desde linguagens diversas, e a partir de perspectivas também diferentes, foram refletidas na arte as mudanças que se iniciaram com o processo revolucionário. Os anos 60 foram de grande liberdade formal e cada artista refletiu ao seu modo a vivência da Revolução, longe de dogmas estéticos ou ideológicos. A linguagem pop, o expressionismo, o hiper-realismo, definem algumas das tendências da época. Destacam-se nesse momento, entre outras, as figuras de Raúl Martinez, Servando Cabrera, Antonia Eiriz.
Com a criação da Escola Nacional de Arte, surge uma nova geração de artistas, cuja produção tem relações diretas com temas tão diversos como as tradições camponesas, o realismo social ou as mitologias afro-cubanas. O que une as obras de Pedro Pablo Oliva, Zaida Del Rio, Roberto Fabelo, Tomás Sánchez é aquela perspectiva lírica, intimista, pessoal presente em seus trabalhos.
Mas a arte igualmente foi reflexo das profundas contradições da sociedade e, a partir dos anos 80, momento em que também ocorre uma revisão dos paradigmas estéticos, assume uma postura crítica ante a realidade. Impõe-se a arte conceitual como meio de estruturar esse discurso comprometido com o questionamento de temas como a emigração, a ideologia ou a iconografia revolucionária.
O âmbito das artes plásticas erige-se como uma área de tolerância, que permite aos artistas tratar livremente temas polêmicos. Em suas instalações, fotografias, gravuras, são recorrentes as representações da ilha, dos heróis, da bandeira, não para cantar as glórias do processo histórico vivido, mas para revistá-lo com olhar crítico.
Hoje, ante um complexo panorama nacional, a arte cubana se debruça ante o dilema de fugir da tentação da crítica banal. Sem perder o sentido reflexivo que sempre acompanhou à criação plástica, os artistas encontram meios mais sutis e universais de expressar suas preocupações, em pro de uma representação de dilemas contemporâneos.
Ao longo do século XX, a arte cubana viu-se marcada pela experimentação e diversidade das expressões. A curadoria escolheu três linhas temáticas gerais que resumem diversas tendências e a partir delas organiza o conjunto da mostra:
- A busca das raízes da cultura cubana - Experimentação com a linguagem plástica - Compromisso social do artista
Os anos 20 marcam a entrada do modernismo nas artes plásticas cubanas. É um momento de maturidade e coerência coletivas, também marcado pela aparição de importantes individualidades. Junto às preocupações de renovação formal da prática acadêmica, aparece o interesse pela representação da identidade nacional.
No ano 1927, a Exposición de Arte Nuevo resume as novas intenções da arte no período. Um dos artistas participantes dessa mostra, Víctor Manuel, passaria a ser emblemático para a análise do período. A exposição mostrará as obras dos artistas mais significativos dentro desse período de surgimento da arte moderna em Cuba. Todos expressivos da pluralidade desse momento, no qual tendências, estilos e interesses variados determinam a riqueza e fertilidade da época.
A partir da assimilação da linguagem do modernismo europeu, esses artistas constroem um imaginário cubano. A necessidade de representar paisagens, costumes, rostos típicos e expressivos do "cubano" aparece em cada obra. Remontam-se então ao interior cubano e à figura do "guajiro" como arquétipo do autêntico nacional. Nesta tendência se destacam nomes como Gattorno, Abela, Carlos Enríquez, entre outros.
No final dos anos 30 já está consolidada a modernidade plástica em Cuba. Novos artistas integram a cena cultural cubana, unidos na procura de uma expressão cubana dentro da modernidade artística de Ocidente.
Algumas mudanças acontecem nesses anos. A pintura de tema político e social perde a força de anos anteriores. O "crioulismo" interessado em temas rurais se orienta em outras direções, o afro-cubanismo vanguardista, expressado na representação de cenas vernáculas, de música e dança, ganha outra dimensão com a aparição de figuras como Wifredo Lam ou Roberto Diago, criadores de novas iconografias, distante de visões pitorescas ou bucólicas.
Wifredo Lam o artista cubano que maior reconhecimento internacional obteve, e é um dos grandes destaques da exposição. Seu contato em Europa com a arte africana, com os cubistas e, de modo mais definitivo, com os surrealistas, o faz voltar os olhos à sua terra na busca das expressões autênticas da ilha.
Sua re-descoberta da poesia interna das manifestações afro-cubanas é refletida em obras que sintetizam o que Carpentier chamara de "o real maravilhoso".
Os anos 50 são marcados pelo signo da abstração. Em Cuba, a arte tenta fugir das expressões "locais" que marcaram e identificaram as pretensões de anos anteriores, para assumir uma linguagem internacional, universal. Luis Martinez Pedro, um dos artistas que mais rápido assume a abstração obteve em 1953 é premiado na Bienal de São Paulo. Nesse mesmo ano se cria o grupo Los Once, que trabalhará o expressionismo abstrato e mais tarde o grupo Diez Pintores Concretos.
Desde linguagens diversas, e a partir de perspectivas também diferentes, foram refletidas na arte as mudanças que se iniciaram com o processo revolucionário. Os anos 60 foram de grande liberdade formal e cada artista refletiu ao seu modo a vivência da Revolução, longe de dogmas estéticos ou ideológicos. A linguagem pop, o expressionismo, o hiper-realismo, definem algumas das tendências da época. Destacam-se nesse momento, entre outras, as figuras de Raúl Martinez, Servando Cabrera, Antonia Eiriz.
Com a criação da Escola Nacional de Arte, surge uma nova geração de artistas, cuja produção tem relações diretas com temas tão diversos como as tradições camponesas, o realismo social ou as mitologias afro-cubanas. O que une as obras de Pedro Pablo Oliva, Zaida Del Rio, Roberto Fabelo, Tomás Sánchez é aquela perspectiva lírica, intimista, pessoal presente em seus trabalhos.
Mas a arte igualmente foi reflexo das profundas contradições da sociedade e, a partir dos anos 80, momento em que também ocorre uma revisão dos paradigmas estéticos, assume uma postura crítica ante a realidade. Impõe-se a arte conceitual como meio de estruturar esse discurso comprometido com o questionamento de temas como a emigração, a ideologia ou a iconografia revolucionária.
O âmbito das artes plásticas erige-se como uma área de tolerância, que permite aos artistas tratar livremente temas polêmicos. Em suas instalações, fotografias, gravuras, são recorrentes as representações da ilha, dos heróis, da bandeira, não para cantar as glórias do processo histórico vivido, mas para revistá-lo com olhar crítico.
Hoje, ante um complexo panorama nacional, a arte cubana se debruça ante o dilema de fugir da tentação da crítica banal. Sem perder o sentido reflexivo que sempre acompanhou à criação plástica, os artistas encontram meios mais sutis e universais de expressar suas preocupações, em pro de uma representação de dilemas contemporâneos.
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